


AGACHAMENTO LIVRE E TERRA
Na execução do agachamento livre existe uma variação que pode ser observada em relação à profundidade com que o agachamento é realizado. (Caterisano et al. (2002)). Classificaram os agachamentos analisando o ângulo de flexão de joelho e os rotularam em: agachamento parcial (aprox.135°), agachamento paralelo (aprox. 90°) e agachamento completo (aprox. 45º).
Outra característica importante desse exercício é o número de articulações utilizadas para realizar o movimento, são quatro as principais: articulação do quadril, articulação do joelho, articulação lombar e articulação do tornozelo.
Pelo fato de recrutar quatro articulações dos membros inferiores, o agachamento é considerado um exercício multiarticular.
Os movimentos efetuados no ciclo completo do exercício são: flexão de quadril, flexão de joelhos, extensão do tronco e dorso flexão na fase excêntrica (descida) seguido de extensão de quadril, extensão de joelhos,extensão da coluna e flexão plantar na fase concêntrica (subida) (CARNAVAL, 2001; ABELBECK, 2002; LIMA; PINTO, 2006).
Para realizar o movimento os músculos da perna de modo geral são recrutados, entretanto os mais requisitados são os que participam da fase concêntrica do movimento (músculos extensores de quadril e músculos extensores de joelho), pois devem superar a resistência imposta pelo peso corporal e pela carga adicional da barra e halteres (Figura 3) (CARNAVAL, 2001; MEYER, 2005; LIMA; PINTO, 2006).
ANÁLISE CINESIOLÓGICA DO AGACHAMENTO
QUADRIL JOELHO TORNOZELO COLUNA
EXTENSORES EXTENSORES FLEXORES ERETORES
GLUTEO MÁXIMO RETO FEMURAL GASTROCNÊMIO MEDIAL MULTIFÍDIUS
SEMITENDÍNEO VASTO INTERMÉDIO GASTROCNÊMIO LATERAL SEMIESPINHAIS
SEMIMEMBRANÁCIO VASTO LATERAL SOLEO OU SOLEAR ESPINHAIS
BICEPS FEMURAL VASTO MEDIAL LONGUÍSSIMO TORÁCICO
CADEIA CINÉTICA ABERTA (CCA)
E
CADEIA CINÉTICA FECHADA (CCF)
Cadeia Cinética é definida como uma montagem de elos e articulações interconectadas de maneira que promovam um movimento controlado em resposta a um movimento fornecido como estímulo. Desde 1973, relaciona-se o conceito de cadeia cinética com a biomecânica, afirmando-se que o corpo humano pode ser visto como um sistema de elos rígidos interconectados por articulações.
Todos os exercícios praticados na sala de musculação podem ser classificados em: exercícios de cadeia cinética aberta (CCA) e de cadeia cinética fechada (CCF). A sua definição é relacionada à liberdade atribuída ao membro distal que está realizando o movimento. Os exercícios de cadeia cinética aberta permitem que o membro se mova, ou seja, sua extremidade distal é móvel. Os exercícios de cadeia cinética fechada não deixam o membro livre para movimentação, ou seja, a extremidade distal é fixa (MOSER; MALUCELLI; BUENO, 2010).
O agachamento é exercício de cadeia cinética fechada e é muito utilizado nas salas de musculação tanto no treinamento de força muscular como na reabilitação de cirurgias e lesões musculares e articulares (ESCAMILLA, 2001).
É comum se ver nas academias variações do exercício de agachamento, isso porque o exercício a ser prescrito ao aluno deve considerar o tempo e nível de treinamento desse aluno. Dentre as variações descritas na literatura, as mais comuns são: agachamento com halteres, agachamento hack e agachamento livre (CARNAVAL, 2001; ESCAMILLA et al., 2001; MEYER, 2005).
Os exercícios de cadeia cinética fechada (CCF) são, normalmente, considerados mais seguros e mais funcionais do que os exercícios de cadeia cinética aberta (CCA). Não obstante, as duas famílias de exercícios podem co-existir no período de recuperação após lesões . Os exercícios de cadeia cinética fechada (CCF) mobilizam mais do que um grupo muscular simultâneamente em vez de se concentrarem apenas num grupo particular, como acontece nos exercícios de cadeia cinética aberta (CCA). Por essa razão, consideram-se os mais adequados para serem executados por desportistas e atletas. Já os exercícios de cadeia cinética aberta (CCA), por terem o poder de se focar num determinado músculo, são mais adequados a praticantes de musculação.


DESCRIÇÃO DO AGACHAMENTO
Para a correta execução do exercício de agachamento livre é recomendado estar com os pés sobre o chão distanciados na largura dos ombros, com a barra nas costas, atrás da cabeça, em cima dos músculos trapézio e deltóides, então se deve agarrá-la com as palmas das mãos voltadas para frente, a uma distância confortável e abduzir o ombro (DELAVIER, 2000; THOMPSON; FLOYD, 2002).
O exercício é dividido em duas fases: 1- fase excêntrica ou negativa e 2- fase concêntrica ou positiva. A primeira corresponde à flexão de joelho e de quadril até as coxas ficarem paralelas ao chão (agachamento paralelo). É recomendado que o executante mantenha-se com a cabeça erguida, com olhar em um ponto fixo previamente definido e realize essa fase inspirando o ar.
A segunda corresponde à extensão de joelhos e quadril até retornar posição inicial. É recomendado que o executante realize a expiração nessa fase do movimento (CARNAVAL, 2001). A execução errônea desse exercício, a repetição excessiva e a falta de estrutura muscular das articulações envolvidas são fatores que associados podem resultar em dor articular e/ou muscular que, se agravadas, causarão lesões no sistema musculoesquelético tais como: condromalácia patelar, artrite, artrose, lesão no ligamento cruzado anterior (LCA) e posterior (LCP) e lesões na coluna lombar, desde dores musculares até hérnias discais (CAMPOS, 2000; DELAVIER, 2000; ESCAMILLA, 2001; HIRATA, 2006). Tendo em vista os benefícios e os riscos que circundam o exercício de agachamento livre, a correta prescrição e execução do mesmo são importantes para maximizar os benefícios e minimizar os riscos envolvidos.